A cada 8 de março comemoramos ao redor do mundo o Dia da Mulher. Isto é importante pois um dia como este, da forma como foi concebido, não se celebra nem se cumprimenta. Por quê? Porque esta data foi estabelecida no calendário para relembrar a mais de 100 mulheres que perderam a vida durante um incêndio em uma fábrica de Nova Iorque em 8 de março de 1908.
Estas mulheres estavam na fábrica Sirtwoot Cotton quando o incêndio aconteceu, atribuído ao dono desta mesma empresa. Provocar o incêndio foi a sua resposta à greve que estava acontecendo para pedir igualdade salarial, a diminuição da jornada de trabalho para 10 horas e tempo para poder amamentar seus filhos.
Em 1910, na Dinamarca, aconteceu a Segunda Conferência Internacional de Mulheres Trabalhadoras, momento no qual se estabeleceu o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. É este fato que se usa como referência para lutar pelos direitos profissionais das mulheres em cada país.
Atualmente esta “celebração” foi estendida ao Dia da Mulher, momento que nos ajuda a lembrar toda a bondade que o gênero que traz a vida ao mundo carrega. Contudo, este dia precisa servir de ponto de reivindicação, não de categorização das mulheres como admiradoras da cor rosa, da maquiagem ou de outro tipo de estereótipo e machismo que o marketing empresarial aproveita.
Por que é preciso empoderar a mulher?
O empoderamento da mulher é tão necessário quanto urgente na nossa sociedade, pois oferece ao gênero feminino o ajuste dos poderes e as forças que lhes correspondem sem submissões.
Ainda neste século sentimos o coração encolhido quando uma mulher é maltratada pelo simples fato de ser mulher, quando seus desejos e sonhos são encerrados porque não se aceita que uma mulher não se sacrifique pelos outros, quando esperamos que seja a mulher a se levantar e recolher os pratos, quando nos impacta uma mulher dirigente, quando as marcas de carro usam o corpo de uma mulher para captar compradores, quando a venda de um perfume depende do potencial de atração da mulher do anúncio, etc.
Gostemos ou não, vivemos um um mundo de desigualdade. Nossas mentes e nossas expectativas são desiguais segundo o gênero. Isto se reflete em nossos comportamentos e pensamentos e, quando nos tornamos conscientes, lutamos contra eles dia após dia.
O que queremos para as mulheres neste dia e no resto do ano?
Queremos que uma mulher tenha as mesmas oportunidades que um homem, nem mais nem menos. Queremos que não exista a necessidade de fazer homenagens internacionais a cada 8 de março. Também queremos que o equilíbrio e a igualdade sejam uma coisa natural.
Não queremos que nos paguem menos, nem trabalhar de graça. Não queremos que nas ofertas de trabalho nos perguntem o nosso número ou que exijam uma determinada aparência. Também não queremos ter que usar um uniforme com saia por decreto.
Não desejamos que uma mulher seja educada como mártir e que se veja socialmente obrigada a sacrificar seus desejos “pelo bem dos outros”. Não queremos que para nos homenagear usem a cor de rosa, porque essa cor pertence a todos.
Não queremos que a publicidade nos transforme em objetos. Não queremos que amamentar seja mal visto ou que por não fazê-lo nos olhem com discriminação. Queremos ser contempladas como mais um ser deste mundo sem o temor de sermos quebradas.
Porque a fragilidade não é sinônimo de gênero feminino e as tarefas do lar ou a criação das crianças não são apenas coisas de mulher. Porque, como de forma certeira destacou o fantástico Eduardo Galeano:
“Se Eva tivesse escrito o Gênesis, como seria a primeira noite de amor do gênero humano? Eva teria começado por esclarecer que ela não nasceu de costela nenhuma, nem conheceu serpente alguma, nem ofereceu nenhuma maçã para ninguém, e que Deus nunca lhe disse que pariria com dor e que o seu marido a dominaria. Que todas essas histórias são puras mentiras que Adão contou para a mídia”.
Vida feliz para todas as mulheres
Vida feliz, mulher. Dizemos “vida feliz” porque hoje não cumprimentamos você por ser amorosa, trabalhadora, boa mãe ou melhor filha. Simplesmente fazemos um chamado para que você se sinta orgulhosa de ser quem você é como pessoa, para que você se some às manifestações e questões e visualize as desigualdades.
Contudo, lembre-se de que mesmo que cada 8 de março seja um dia dedicado a todas as mulheres maravilhosas do mundo e da história, não devemos esquecer que precisamos gritar com a mesma intensidade durante o resto do ano.
Isto dito, uma vez mais: VIDA FELIZ, MULHERES. Porque mesmo que durante séculos a sociedade tenha se empenhado em crer que a mulher não vale nada, uma mulher pode ser TUDO, sem limitações nem distinções, e cada vez existe mais consciência disto.
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