Quando a emoção não é expressada, o coração dói
Não existe ninguém capaz de se olhar e ver o vazio em si mesmo, pois até o vazio tem fundo dentro de todos nós. Estamos cheios de emoção, pessoas, momentos, detalhes minúsculos que nos formam cada dia como as pessoas que somos.
Todas essas pequenas grandes coisas nos fizeram grandes em algum momento da nossa vida, inclusive as ausências: porque sei de gente que vive em abundância de ausências e até isso soa como estar cheio. O que acontece é que também estamos repletos de emoções que nos causam dor e quando não são expressadas, o coração não avança.
Deixe-se ouvir, afaste o que lhe causa mal
Se há algo que nos diferencia do resto dos animais é a possibilidade de falar. A palavra, além de poder ser nossa ferramenta de expressão mais distintiva, é também, às vezes, a melhor cura que podemos ter para nosso eu interior. Falar é dar nome a aquilo que sentimos.
Neste sentido, uma das coisas que sempre vai nos fazer sentir melhor é agradecer pela possibilidade que a capacidade de nos expressarmos em voz alta nos oferta. Assim, podemos mostrar o que dói, deixá-lo sair e fazê-lo ir embora. Expressar o que sentimos é uma forma de nos libertarmos.
A expressão de nossos sentimentos é a porta de saída de tudo aquilo que não deixa o coração ser feliz.
“Quero chorar porque tenho vontade, como choram os meninos do último banco, porque eu não sou um homem, nem um poeta, nem uma folha, mas sim um pulso ferido que sonda as coisas do outro lado”.
Vestir uma armadura não lhe fará mais forte
Os momentos nos quais a vida fecha as portas, inclusive para nós mesmos, fazem com que percamos as rédeas do que somos. A única forma de voltar a tomar as rédeas é deixar-se ouvir, gritar, se for necessário.
Sabemos claramente que choramos, doemos e até mesmo que nos odiamos. Como se tivéssemos a culpa de estarmos bloqueados e como se existisse algo mais poderoso que nós, que nos obriga a nos calarmos e seguirmos presos: não sabemos definir com certeza, mas está aí.
Porque o que eu queria passar com o título é que, quando a dor não é expressada, o coração dói. Dói porque tudo continua dentro, como se tivéssemos alfinetes nas mãos e, a cada vez que nos tocássemos, nos espetássemos.
“E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia um verão invencível dentro de mim”.
No entanto, não nos damos conta de que temos dentro de nós um “verão invencível”, um “eu posso” que pode tudo. O que esquecemos é que o coração de uma pessoa precisa sair de vez em quando, precisa que as janelas sejam abertas para que se deixe curar, sarar, cuidar e se vestir.
O sorriso mais difícil de expressar é o da alma
Quando deixamos que o coração não se feche e nos abrimos a outras pessoas e ao mundo, o normal é que sintamos alívio e satisfação progressiva. Experimentaremos uma sensação tão prazerosa que, nas próximas vezes, tentaremos agir de forma similar.
Quando você começa a avançar, pouco a pouco, você verá como um sorriso vai se desenhando em seu rosto. Esse sorriso custou horrores; mas agora você sabe melhor que nenhuma outra pessoa. Foram necessários prantos, sofrimento e muito esforço pessoal para poder alcançá-lo.
“E, talvez, se o sorriso vem de muito fundo, você possa chorarsimplesmente, sem se acabar, sem se desesperar, sem convocar a morte nem se sentir vazio. Chorar, só chorar. Então, seu sorriso, se ainda existir, se transformará em um arco-íris.”
Deixamos sair de nosso interior as cores escuras e, quando isso acontece, voltamos a ver um arco-íris. Igual quando chove, porque é preciso chover para vermos o céu em sua melhor versão.
Em outras palavras, o sorriso mais difícil de expressar é o da alma, porque se não for expressado, haverá algo dentro de nós que não nos deixará ser toda nossa essência. Quando se faz isso, descobre-se que você deveria se amar e que o mundo está aí para ser aproveitado, sem limites e com tormentas.
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